segunda-feira, 25 de março de 2013

Resenha: Raimundos (22/03/13 - Clube Português, Recife)

No final daquela sexta-feira, às 21h30, uma boa quantidade de fãs esperavam, com ansiedade, a abertura dos portões  os antigos portões que marcaram tantos shows no Clube Português do Recife. Eles seriam abertos, dessa vez, para receber um público ansioso pela apresentação de uma das mais icônicas bandas do rock nacional, o Raimundos.

Com significativo sucesso nos anos 90, o grupo de hardcore brasiliense passa, talvez, a sua melhor fase desde a saída do cantor Rodolfo Abrantes, em 2001.  O guitarrista Digão vem consolidando, de uma vez por todas, seu trabalho à frente dos microfones e o mais recente registro da banda  o DVD Roda Viva, de 2010 – , para muitos, provou isso. Sim, a divulgação do trabalho é a chamariz desta nova turnê do Raimundos que, aliás, regressa a capital pernambucana após dois anos. 

Boa parte dos pagantes previra o atraso  ou será que a produção previu a demora do público? ,  de quase duas horas, e foi preenchendo, pouco a pouco,  as imediações do clube. Desde as filas de entrada, o público já chamava atenção dos fãs de longa data: eram muitas pessoas jovens que, talvez, não presenciaram o auge midiático do Raimundos. Uma renovação de fãs? Ao menos no Recife, sim.

Faltando minutos para a meia noite, o clube já estava ficando cheio e, finalmente, o equipamento da banda principal fora montado. Logo depois, o quarteto surge disparando dois clássicos. A responsável pela abertura foi "Fique! Fique!" e, em seguida, Canisso denuncia, na sua linha de baixo, a escrachada "Esporrei na Manivela que contou, inclusive, com a tradicional performance de triângulo do Digão. 



Quebrando o clima de nostalgia, a recente "Jaws" (cujo destaque fica para a performance do novo baterista, Caio Cunha)  elevara o nível de insanidade da platéia: nesse ponto, os stage divings tornaram-se presentes e constantes para a alegria dos seguranças (!).  Claro, as clássicas rodas de pogo (roda punk, mosh, etc.) marcariam presença lembrando que, apesar do som mais acessível, os caras são uma banda de hardcore/punk.

Em determinadas músicas, Digão empunhava suas guitarras Jacksons  para os guitarreiros: uma Flying V e um agressivo modelo Warrior; ambas pretas – e em outros deixava o trabalho das seis cordas apenas para o competente Marquim. A equalização, no geral, estava ótima e, não lembro de problemas nesse quesito; tudo estava bem audível  e seguiria assim, adianto.

O baterista Caio Cunha é o membro mais recente do grupo

"Eu falei que isso é...?" – após a paulada de "Rapante", os clássicos do disco "Só no Forevis" (1999), para a alegria de maior parte do público, assumiriam presença na apresentação:  "Pompém", "Pão da Minha Prima", "Me Lambe", "Deixa Eu Falar", "A Mais Pedida" e, claro, o superhit "Mulher de Fases" representaram o maior sucesso comercial do Raimundos na apresentação.


Digão assume vocais e guitarra

O grupo ainda tocaria composições ainda mais antigas, como "Palhas do Coqueiro", a avacalhada (acreditem, não há outro adjetivo para ela) "Reggae do Manêro", "I Saw You Saying", a pesada "Tora-tora com direito ao tradicional pedido, durante o riff principal, para os fãs rodarem as camisetas – e, antecedendo o bis, a celebrada "Eu Quero Ver o Oco".  "Vocês querem mesmo ir pra lá?", com a pergunta Digão antecede a execução de "Puteiro em João Pessoa" (muito cobrada pelo público) e encerra uma ótima apresentação regada a clássicos .

Apesar do saldo positivo do evento, fica a indagação: até quando? Em entrevista ao portal UOL, no Recife, o baixista Canisso já anunciou o lançamento de um vindouro álbum. Bom, a formação está coesa, entrosada e é, sem dúvidas, competente. Resta aguardar, pois os sentimentos nostálgicos são bem vindos... em alguns momentos – como no show de sexta-feira, por exemplo.



HOMENAGEM E ABERTURA  Cumprindo a sugestão de fãs recifenses  que, inclusive, se manifestaram no site do grupo –,  ainda houve espaço para o Raimundos incluir um tributo ao músico, recém falecido, Chorão. A canção escolhida, para homenagear o eterno líder do Charlie Brown Jr., foi "Zóio de Lula sucesso do álbum "Preço Curto... Prazo Longo", de 1999.


Diablo Motor: Rafael Sales (vocal) e Thiago Sabino (bateria) 
Com o local ainda pouco cheio, o DJ Rodriguez iniciou os preparativos da noite tocando sons de banda como Rage Against the Machine e, em seguida, houve a apresentação dos recifenses do Diablo Motor.  

Realizando apresentação correta, o quarteto mostrou as composições do disco auto-intitulado, de 2012,  para um público ainda não tão numeroso. Ecos de AC/DC, Black Sabbath e Motörhead ecoavam em um rock n' roll cru e em português. O destaque da apresentação, no entanto, veio por conta de um cover: "Blitzkrieg Bop", do Ramones. Bastava notar a reação do público: ótima escolha para a noite.




- Agradecimentos especiais para Flávia Bottino (Assessoria Raimundos) e Poliny Aguiar (Revista Click Rec) pelo credenciamento.

Um comentário:

  1. Não adianta ficar comparando os caras com antigamente. Gostei pra caramba do ao vivo que lançaram ano passado, achei que o Digão mandou bem e a banda ta seguindo seu caminho.Se o novo álbum for bom, ja ta valendo.

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