domingo, 21 de outubro de 2012

Resenha: Wintesun - Time I

Ano de Lançamento: 2012
Desde que o lançamento do novo trabalho da banda finlandesa Wintersun fora anunciado, em 2006, já se passaram seis anos. Seis longos anos. Um período enorme para um projeto que foi bastante bem recebido já em seu primeiro disco, em 2004, e que, ainda na estreia, já ameaçava, crescer tornando algo além de um trabalho solo do seu líder, o músico Jari Mäenpää (ex- Ensiferum).

Mesmo com a demora para lançar um segundo álbum,  o Wintersun conseguiu agregar uma boa base de fãs que, pacientemente, esperou o pretensioso segundo as intenções de Mäenpää novo disco. No entanto, apesar da banda agora possuir membros fixos, na prática o Wintersun segue como um projeto solo de seu vocalista, guitarrista, tecladista, arranjador e compositor – sim, além de membro fundador, ele é responsável por todas essas funções (!). 



Durante todo esse tempo, Mäenpää anunciara que "Time" elevaria as particularidades de seu antecessor – o álbum autointitulado lançado em 2004. Resumidamente, seria mais profundo, trabalhado e, principalmente, melhor orquestrado. Toda a demora foi, teoricamente, reflexo desse trabalho minucioso e perfeccionista.  No fim, a obra, intitulada desde 2006, acabou por se dividir em duas partes "Time I" e "Time II" – este com previsão de lançamento para o próximo ano.

Antes mesmo de ouvir o registro, "Time I" surpreendeu-me pela pouca quantidade de material – opa, anos de espera e... apenas cinco composições?! Entretanto, a impressão negativa logo se dissipa ao ouvir a climática instrumental 'When Time Fades Away'. Muito bem arranjada e com ideias melódicas completamente influenciadas pela música tradicional japonesa, a faixa é, na prática, uma magnífica introdução para a épica 'Sons of Winter and Stars'.

Com mais de 13 minutos de duração e dividida, exatamente, em quatro partes, 'Sons of Winter and Stars' é a mais longa música já composta por Jari Mäenpää. No geral, a faixa apresenta os elementos tradicionais a banda – melodias folk, ora heróicas, depressivas, ora 'espaciais' – intercalados as ideias mais comuns ao próprio power metal e, claro, várias mudanças de andamento. Uma prima distante da já conhecida 'Starchild'? Talvez, mas não tão distante.

Além dos arranjos em si, o maior destaque aqui é o incrível trabalho vocal realizado por seu líder – acredito que, logo nessa abertura, ele já demonstra que evoluiu muito sua técnica de canto. O refrão entoado em coro na última (IV) parte da música é com certeza um grande momento. Enfim, o tipo de canção que necessita, apesar de possuir partes grudentas, de tempo para ser absorvida. Mas, desde a excelente transição inicial aos primeiros blastbeats do baterista Kai Hahto, é fácil dar conta de que trata-se de algo realmente grandioso.


O álbum tem seu andamento com a cadenciada 'Land of Snow and Sorrow'. Apesar de conter excelentes linhas vocais, o seu riff inicial não convence muito e, logo após uma faixa épica, ela soou-me cansativa; mas, é uma boa composição. Nesse ponto, atento a falta de guitarras do disco. Claro, elas existem; no entanto, não possuem um papel tão fundamental como no registro anterior e, aqui, acabaram meio que sobrepostas aos sintetizadores e orquestrações.
Devo comentar, também, que o trabalho do resto da banda é competente, mas, como eu imaginei, mostra possuir um papel maior nas performances ao vivo do que nas gravações em estúdio; aqui, indiscutivelmente, Jari é a 'estrela'.
 
Praticamente colada a vinheta ambiente 'Darkness and Frost', a faixa-título encerra o trabalho mesclando as principais ideias das músicas anteriores. Explico: é um épico onde elementos mais cadenciados e melódicos predominam. De forma geral, conta com ótimas passagens, um refrão marcante e, finalmente, um tradicional solo de guitarra de Mäenpää. Mas, novamente, o que se sobressai são os arranjos e a vasta gama de vocais realizadas pelo frontman finlandês. Sim, é incrível como ele consegue trabalhar e variar bem linhas guturais, rasgadas, limpas e agudas numa mesma composição. Aliás, sua influência no músico canadense Devin Townsend fica ainda mais evidente nessa canção.  

Na minha opinião, a melhor música do álbum e que, digamos, mais resgata a atmosfera 'emocionante' de canções do registro anterior vide 'Sadness and Hate' e 'Sleeping Stars'. Sabe aquela música que, próxima a sua conclusão, logo surge vontade ouvi-la novamente? Para mim, quando o teclado repete a melodia principal da faixa, do refrão, e encerra abruptamente, foi essa a sensação que passou. Ótima.

 
Enfim, 'Time I' termina e o saldo da audição é positivo. Não tão alto como eu esperei, pois faltaram guitarras e, principalmente, mais tempo de material 40 minutos nos quais apenas três faixas figuram como principais é, sem exageros, pouco; afinal, se consideramos o tempo que o álbum demorou para ser produzido, é normal esperarmos mais. Talvez as altas expectativas, levantadas pelo próprio Jari Mäenpää, somada aos anos de atraso acabe tornando o julgamento do ouvinte mais rígido e, por consequência, isso fruste alguns. O disco é ruim? Não mesmo, pois possui ótimas composições e é bem feito. O problema são as expectativas   Espero que 'Time II' compense esses pequenos pontos negativos que, no geral, podem até ser esquecidos pela qualidade e esmero do material honestamente, acredito que essa divisão tenha sido negativa para o conceito do trabalho.


No mais, só resta aguardar e aproveitar esse material que, se comparado aos lançamentos comuns ao estilo, está acima da média. Quem adquirir a edição de luxo do trabalho, também pode conferir um disco bônus com versões totalmente instrumentais das músicas. Ah, vale lembrar que os finlandeses disponibilizaram o disco, na íntegra, para audição gratuita.


*Esta composição aparecerá no 'Time II'

Músicas-chave:


Formação:
Jari Mäenpää – vocal, guitarra, teclados
Teemu Mäntysaari – guitarra
Jukka Koskinen – baixo
Kai Hahto – bateria 

Tracklist:

1. When Time Fades Away 04:07
2. Sons of Winter and Stars 13:31
3. Land of Snow and Sorrow 08:21
4. Darkness and Frost 02:24
5. Time 11:44



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